Era uma sexta feira no fim do mês de agosto de 2009, quando o Elison me ligou dizendo que havia acabado de receber uma proposta para assumir a área de vendas em Alagoas. Acho que na hora minha mente travou, não sabia o que pensar e nem o que fazer. No fim do dia, quando nos encontramos em casa, Elison me explicou como seria a mudança, eu realmente fiquei assustada. Na próxima semana, eu teria que viajar com ele pra escolhermos um lugar para morar em Maceió e no fim de setembro nós já deveríamos estar morando lá!
Segunda feira quando cheguei ao trabalho com o coração na mão, mas para não enrolar, já pedi para falar com meu chefe para explicar sobre a mudança e foi o que fiz. Graças a Deus todos na empresa me apoiaram bastante.
O Elian estava tão bem na escola que eu estava com pena de tirá-lo de lá naquele momento. Ele havia se apegado muito a Maria que ficava com ele no berçário. Mas com certeza era o meu sonho ficar com meu filho todos os dias.
Na semana seguinte viemos a Maceió para escolher o apartamento. O Elian não estava acostumado a comer fora de casa muito tempo, e era muito difícil ele comer alguma coisa sólida. A semana foi cansativa, visitamos 20 apartamentos e enfim escolhemos um. O Elian passou bem a semana, fui com ele a praia algumas vezes e era a primeira vez que ele tinha visto o mar. Ficou encantado, pois ele adora estar na água. Mas quando o negócio era comer, vinham as dificuldades. Pelo menos consegui que ele comesse isca de peixe com purê de batata, foi suficiente, alguns dias nós compramos a comida para comer no quarto do hotel, porque ele ficava estressado no restaurante. Claro que eu levei as argolas e os livros, mas nem sempre funcionavam.
Quando voltamos para São Paulo, o Elison teve uma semana para preparar a mudança, depois ele iria embora, e eu ficaria com o Elian em São Paulo até que a mudança chegasse lá.
O dia da mudança deve ter sido traumático para o Elian, pois eu o levei pra escolinha como sempre, ele tinha saído de casa e ainda estava tudo lá: os brinquedos, o berço, tudo! E quando ele saiu da escolinha, a gente pegou um taxi e fomos para a casa da minha mãe na zona leste. Ele não viu nada acontecer, e eu nem sabia como explicar pra ele.
Ficamos durante 45 dias na casa da minha mãe. Eu nunca havia ficado tanto tempo com ele desde que voltei a trabalhar. Nesses dias pude notar muitas coisas no Elian, muitas vezes eu chorei e comentava com a minha mãe o que eu sentia. Parecia que o Elian estava um ano atrasado, as crianças que tinham nascido 1 ano antes dele, estavam muito a frente. Eu não estava vendo evolução no desenvolvimento do Elian. Nós passávamos o dia juntos e muitas vezes ele se isolava de mim. Pegava os carrinhos, os colocava de cabeça pra baixo e girava. Ele passava o dia sem fazer um som. Eu falava com ele e nem sequer virava a cabeça.
Eu ainda estava resolvendo as questões de rescisão do trabalho, e o Elison com a mudança lá em Maceió. Os dias que eu saia pra longe eu deixava o Elian na escola. Um dia quando o peguei na escola, e estávamos no metro indo para a casa da minha mãe, ouvi o Elian dizendo “Bá!” Quando eu o ouvi, eu o peguei no colo e perguntei assustada: O que você disse filho??? E ele repetiu “Bá”! Eu disse: Muito bem meu amor! Parabéns!!! E ele continuou com o Bá e depois começou a dizer Bobó para a vovó. E pra minha felicidade disse mamã! Eu estava muito feliz! Comecei a achar que seria o começo da fala dele, ele falava tanto que nem todas as vezes eu estava por perto para comemorar, mas ouvia de longe ele na sala. Mas chegou um dia que ele não abriu a boca durante todo o dia, e eu fiquei muito preocupada. No outro dia ele falou algumas vezes, mas foi diminuindo.
Quando o Elison chegou de viagem para nos buscar, o Elian nem queria encostar no pai. Mas a noite o Elian não queria dormir, e quando o Elison saiu do quarto para preparar uma mamadeira, o Elian começou a chorar, não queria que o pai saísse de perto, no outro dia ele estava melhor com o Elison.
Era final de outubro quando chegamos enfim na nova casa em Maceió. Quando o Elian entrou na casa e começou a ver que as coisas que estavam na outra casa ele abriu um sorriso e começou a correr pela casa e quando ele entrou no quarto dele e viu os brinquedos e o berço, vimos que ele estava muito feliz.
No dia seguinte o Elian viu a porta de correr da varanda e eu não podia imaginar que ele passaria parte do dia abrindo e fechando aquela porta! Ele ainda estava falando algumas coisas como mamã, Bá e agora a palavra mais nova ábua (água), que alegria! Na outra semana minha sogra chegou para nos visitar e para o aniversário do Elian. Ele adora a vovó Evany, ela brinca muito com ele. Ela passou duas semanas aqui e todos os dias quando ele acordava, corria para o quarto dela para procurá-la. Ela foi embora de madrugada e como era tarde, não o acordamos. Foi a pior coisa que fizemos. Quando ele acordou, procurou por ela por toda a casa, e vimos que estava triste. A partir daquele dia o Elian regrediu na fala, parou de emitir qualquer som, muito raramente saia alguma coisa, mas depois não saia mais nada mesmo.
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