quinta-feira, 10 de junho de 2010

PRIMEIRO ANINHO!


Hoje eu estava olhando umas fotos e vídeos para me lembrar de alguns fatos importantes. Percebi que a obsessão do Elian por objetos de movimento giratório começou antes mesmo de completar 1 ano. Ele adorava girar as rodas do carrinho de passeio. E nesse vídeo que eu fiz antes do aniversário dele, eu o chamei várias vezes e ele não atendeu nenhuma vez. Desde os 4 meses ele era capaz de assistir os dvds infantis com música sem deixar de olhar pra tv um minuto.
No aniversário ele ganhou uma mesinha com peças de encaixe e no meio tinha um pino com várias argolas para encaixar. Ele gostou muito do presente, principalmente das argolas... rapidinho ele aprendeu a girar todas elas, que tinham tamanhos diferentes, ele passava parte do dia brincando com isso, e quando não estava perto delas ele pegava qualquer objeto para girar: os meus cds, tampas de vasilhas e de panelas, pratos, até mesmo as coisas que não tinham forma circular como garrafas, porta retratos, canetas, etc.
Ele começou a criar resistência para estar em lugares como restaurantes, festas e até mesmo na igreja. Ficava apavorado quando via uma criança por perto, parecia que estava vendo um monstro, tudo o incomodava, era notável! Se uma criança gritava, ele chorava desconsolado. Na escola sabatina da igreja ele não conseguia ficar muito tempo por causa das crianças.
Um dia marquei com a minha amiga do trabalho, a Michelle, de nos encontrarmos em sua casa. Ela tem as duas crianças pequenas: o Danilo, que na época 4 anos, e a Nataly que tem a mesma idade do Elian. Quando chegamos lá e o Elian da porta viu as crianças ele começou a chorar e não queria entrar. Mesmo assim, entrei com ele e por um bom tempo ele ficou no meu colo, depois viu alguns brinquedos e saiu do meu colo, mas cada vez que uma das crianças chegava perto ele corria pro meu colo. Depois ele começou a correr pela casa e querer abrir todas as portas, até que ele achou alguma coisa da cozinha dela para girar. Me lembro também de ter conversado com a Michelle sobre o comportamento do Elian... "Por que tanto medo das crianças? E por que ele não estava apontando como a Nataly e as outras crianças da mesma idade?" A diferença de comportamento dele era absurda comparando com uma criança da mesma idade. Saímos de lá convictos que o problema do Elian era a falta de estar com crianças e decidimos colocá-lo em uma escola no próximo mês, ele ia fazer 1 ano e 4 meses.
Na rua onde morávamos em São Paulo tinha uma escolinha a duas quadras. E foi lá mesmo que decidimos colocá-lo. Como o intuito era a sociabilização do Elian, nós pagávamos 2 horas para ele ficar lá. No começo foi terrível e eu não pude fazer a adaptação dele, pois eu trabalha período integral. A Áurea, esposa do meu sogro, levava ele pra mim. No começo ele ficava apenas 1 hora lá, e era muito estressante pra ele. Ele chorava tanto que até vomitava, mas todo mundo dizia que ele ia acostumar, era normal, e eu estava certa que seria o melhor pra ele. Se eu tirasse ele naquele momento, ia parecer que a escola era algo ruim de verdade. Mesmo assim, eu chegava vários dias no trabalho decepcionada achando que ele realmente não ia se acostumar. Até que um dia, depois de 2 meses chorando, ele PAROU! Do nada ele parou de chorar e começou a ficar bem lá. Depois eu aumentei o tempo dele na escola para 3 horas. Eu estava muito feliz, porque ele havia parado de chorar e quando via outras crianças, mesmo chorando ou gritando ele nem ligava. Ele já estava a 4 meses na escola e eu precisei colocá-lo em período integral da noite para o dia, fiquei muito nervosa, liguei milhares de vezes para a escola pra saber como ele estava, e pra minha surpresa ele estava ótimo. Alguns dias eu tive a oportunidade de pega-lo na escola e comecei a notar que sempre eu via ele brincando sozinho com a argolinha ou outro brinquedo. Foi então que a minha ficha caiu.... O Elian não estava aceitando as crianças, ele apenas aprendeu a ignorá-las. Era como se elas não existissem. A argolinha era minha companheira, para o Elian ficar bem eu precisava levar ela comigo, se eu quisesse ir a um restaurante, viajar, passear ou qualquer coisa eu precisava levá-la.
O fato dele não apontar para as coisas estava me incomodando demais. "Por que ele não aponta para o que quer? Por que ele fica com o cocô na fralda até assar? Por que ele não pede?" Anotei tudo isso e perguntei para a pediatra e ela me disse: "É normal! Cada criança tem seu tempo. Talvez ele não sinta necessidade de pedir! Você precisa esperar ele pedir as coisas antes de oferecer" Hummm... Claro, eu disse. "Talvez seja isso mesmo! Ok. Vou colocar tudo bem distante dele." Coloquei a mamadeira com água em cima da mesa e fiquei brincando com ele. Ai ele começou a andar pela casa e viu a água na mesa, ai eu pensei - É AGORA! Vou me controlar e esperar....
O Elian tentou por todas as maneiras pegar a mamadeira de cima da mesa, quando ele percebeu que não ia conseguir... ele desistiu! Ai eu fiquei mais intrigada. "Por que ele desiste quando não consegue o que quer sozinho?" Eu tentei outras vezes e até mesmo brinquedos ele desistia de pegar se não conseguisse. Ele ficava triste? Não, como se nada tivesse acontecido. E ele era triste? Não! Nem um pouco, muito feliz brincando com as argolas e outras coisas que ele gostava.
Outros dois brinquedos entraram nos gostos do Elian, os carrinhos e os livrinhos interativos. Com os carrinhos ele brincava de maneira estranha, colocava todos eles de cabeça pra baixo e brincava apenas com as rodas, inclusive o triciclo. Já os livros algumas vezes eu notava que ele não estava olhando as figuras e sim o movimento da página e colocava bem perto dos olhos, mas isso o acalmava igual as argolinhas.
Quando ele completou 1 ano e 6 meses eu realmente estava preocupada com a fala, ele não balbuciava, na verdade ele não emitia nenhum som, nada! E isso me frustrava, e o pior nem era isso, ele estava cada vez mais distante de nós. Interagia muito pouco com a gente, o contato visual estava piorando. Nossa vida social estava quase deixando de existir, porque ele não estava ficando bem mesmo levando as benditas argolinhas e livros. Restaurantes? Já tinhamos desistido. Pra que ir? Se temos que levantar antes de comer... Ele simplesmente não parava de chorar no restaurante. Isso nos deixava preocupados e não tristes, nós conseguíamos perceber que ele não estava se sentindo bem.
1 ano 7 meses, a filha da Michelle que é mais nova que o Elian já estava até cantando e o Elian nem som fazia. Eu estava frustrada! Se está tudo bem com o meu filho, porque eu sinto que a fala dele está ficando cada vez mais distante de acontecer. Se ele mau olha pra mim, como vai acordar no outro dia falando do nada? Então decidimos trocar de pediatra, pra dar uma luz!
O Elian estava há 5 meses com uma gripe que não sarava, era uma tosse cheia! Levei-o na nova pediatra. Sobre o comportamento dele ela me disse a mesma coisa que a outra, mas sobre o problema da secreção que não sumia do pulmão do Elian, ela realmente me deu a solução correta. Me falou: "Ele é super sadio, o que ele tem é alergia a lactose. Dê a ele leite de soja e corte os derivados". Na semana seguinte ele não tinha mais nada. Ai eu pensei, bom se a segunda pediatra me disse que eu não devia me preocupar com o comportamento do Elian e com a fala, então vou tentar ficar mais tranquila. Eu até tentei, mas era difícil não ter a preocupação. E na minha cabeça vinha: Autismo? Não imagina! não tem ninguém na família com autismo! As pediatras já teriam cogitado. E lembra? Eu fiz exame genético! Está tudo bem com ele. Ai me lembrava do Dr Gollop que me deu o resultado genético: "Existem outras coisas que podem aparecer só depois que a criança nascer" Ai meu Deus! Por que não perguntei o que eram as outras coisas? Eram muitas perguntas sem respostas...

Letícia

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